Solidão Noturna: Textos escritos nas madrugadas (dos finais de semana).
Indo
Tem dias que não quero mostrar os dentes, e, você insiste
em ficar perto de mim.
Tem dias que não quero ficar triste, e, você insiste em
ficar perto de mim.
Eu passo pensando:
que o silêncio, não é certo; que a multidão, não é certa;
que o leigo, é inteligente; que o sábio é errado.
Eu passo pensando:
que o meu sentido não conecta;
que meu esforço, não se escuta;
que o meu ouvido, não se desliga;
que meu tudo se desmorona...
Não, não, não... Longe, o sábado, com a Tv.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Suportando
O que você não faz para suportar o mundo?
Canta? Dança? Passeia de carro? Se alimenta num restaurante? Viaja?
Passa um dia na praia? Corta o cabelo? Escolhe uma
vestimenta adequada? Pensa na vida? Compra um remédio, para a dor? Espia os
carros passando na rua? Escreve um romance ou inventa flerte? Assiste um lançamento, no cinema? Compra uma briga, por causa de um problema doméstico: esqueceu de pagar o IPVA; não foi na igreja no domingo; não secou o piso do banheiro,
depois de tomar um banho...
Vai para casa, cansado. Mas ninguém se importa com
isso. Fazer o que?
Para suportar o mundo, o que fazer?
Pensar menos em dinheiro?
Ser menos egoísta?
Não ter ganância?
Se inquietar com o pouco que tem?
Não se esforçar mais para nada?
Não assistir mais a matança na televisão?
Ser mais otimista?
Crer mais em quem está ao seu lado?
Não se preocupar tanto com a corrupção dos políticos?
Evitar puxar saco de quem você sabe que é bem parecido com
um burro?
Assim, vai os dias.
Assim, vai os meses.
Assim, chega à noite. Provando que você venceu
"suportando" aqueles que desconhecem o mínimo da força, da sua vida.
Autor: Denis Santos (Guarapuava -PR).
Vou poetizando essa vida observada.
Um trem: chegou à estação - saudade.
Um ônibus: partiu com almas que não pensam em voltar mais
(nessa rodoviária).
As calçadas: com passantes complexos (mas com os corações
pulsantes: de afetos).
Automóveis com suas carcaças imortais dos que percorrem
o mundo (suas funções espirituais "condenadas". Porque todo lugar:
"não foi legal").
A caixa do correio: com as correspondências de quem nunca
pensou em você (ela, sempre, no mesmo lugar).
Vou poetizando essa vida observada.
A tentativa é entender as
"distâncias". Porque para no "amor" (o confessando) sempre, vai
haver um transporte adequado.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Certas tardes
Me lembro.
Foi numa dessas tardes,
quando uma tormenta qualquer estava por vir
(pulávamos rápido da cama).
O medo,
era perder aquilo que,
com o tempo,
fomos trazendo para a nossa acomodação.
Me lembro.
Era engraçado nossos gestos (para com a natureza) onde,
torcíamos,
ela não destruísse tudo aquilo que,
há muito tempo atrás,
sonhamos em conseguir.
Daí, foi indo a vida:
desentendimentos,
brigas,
frustrações,
amarguras,
dores...
Aí.
Em outras tardes,
mesmo com tudo trancado,
isso, foi encharcando nosso meio.
Sem esperança,
resolvemos "mudar" de táticas para certas ocasiões.
Um dia,
a tormenta voltou,
mas "já" planejado, enganamos a "ignorância".
Assim, voltamos a ser feliz.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Respirar
Chegou aquele momento:inspiração,
impacto,
coragem...
Momento que "liberta": a mente (dessa palavra não posso correr).
Tenho tempo para falar do sábado.
O sábado "que" poderia ser mais útil (não aqueles à contemplar o teto; o falatório do almoço; as intrigas alheias...).
E a televisão?
Televisão que me tira o gás.
Gás, que preciso para correr o mundo. Me entregar, se arriscar... Sair desse sábado "furtado".
Eu sei que essa é a hora (hora da explosão mental).
Momento sadio (um segundo do dia, ou, da noite).
Só assim.
Só assim para que, eu possa "acreditar": "Não terei mais aquele sábado, como o de ontem!".
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Foi assim
Coloquei
a cadeira, próximo a margem:
nos pés
(a água salgada),
ouvidos, nítidos
(ao som das ondas),
e, lá, no alto (a claridade das nuvens).
Foi
assim, nesse gesto:
Se o
tempo não fosse embora,
ficar no
lugar, até quando?
Nessa
baboseira toda do "LOVE" é possível,
"sempre"
ter uma saída correta e justa (na sentença) para você?
Foi
assim, nesse gesto:
Você foi
embora (foi, ficou, voltou...).
Sentimos
que as coisas não eram mais como "antigamente".
O tempo
pode passar,
não faz
tanta "falta" quanto o "amor".
Foi
assim, nesse gesto:
Veio o
silêncio e o perdão,
(são os "remédios"
para a dor).
Sem silêncio
e perdão "tudo" de "novo".
Foi
assim, nesse gesto:
que voltei
para o apartamento, sem encontrar você.
Solidão Noturna: Textos escritos nas madrugadas (nos finais de semana).
Desfecho
Chegou o momento. Grite!
Você acha que eu não sei que, você, não concorda com o
errado?
Você acha que eu não sei que, você, não concorda com a
injustiça?
Vamos, companheiro! Grite!
Agora é o momento.
Daqui um pouco, perdemos o oxigênio.
Daqui um pouco, tudo, fica gelado: "silencioso".
Agora é o momento. Grite!
Não, não, não... Não chore! Não, não, não... Não abaixe a
cabeça!
Ainda temos luz. Corra. Grite! Grite o mais alto que você
poder.
Daqui um pouco perdemos o oxigênio.
Daqui um pouco, tudo, fica gelado: "silencioso".
Mesmo sabendo que poucos te ouvem, numa folha de papel,
você destrói uma religião "errada". Você destrói uma política "errada". Você
destrói um amor não correspondido "errado".
Agora é o momento. Grite!
Assim mesmo. Vá escrevendo, escrevendo, escrevendo...
Gritando para os fantoches que nos rodeiam. Para a
alienação que é pregada. Para a ignorância que nos cerca...
É assim, é assim, é assim...
Vamos camarada. Se levante. Eu te ajudo.
Na madrugada pode aparecer um vento forte; uma geada
mortífera ou; uma chuva violenta. Desse momento, para o fim da noite, você pode
ficar esquecido para sempre.
Então. Camarada. Grite. Eu te ajudo! Grite.
Grite. Para que um dia, possamos nos encontrar de volta,
em algum lugar legal, de preferência, na vida real.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Foragido e culpado
Caminhamos não entendendo o mundo. Ofendemos alguém?
Mas em várias ruas, não existe luz elétrica!
"Perdoais nossas ofensas...", percebemos, em alguns, foi só da boca para fora. Quem foi o ofendido?
Perdemos a auto-estima no que estudamos para trabalhar. Por
causa disso, procuramos outra profissão. No novo emprego. Vivemos com
dignidade, conquanto, não foi aquilo que sonhávamos, quando estudávamos.
Caminhamos não entendendo o mundo (vivemos nele). Ofendemos
alguém?
Sentimos raiva. Vontade de gritar. Reclamar. Principalmente,
porque o culpado, dessa confusão, agora, não será encontrado, nesse mundão.
Autor: Denis Santos
(Guarapuava - PR).
Status na sociedade
Deus não
me deu um "rosto bonito",
Deus não
me deu uma "vida fácil",
Deus não
me deu "status na sociedade",
Deus não
me deu uma "família perfeita",
que não
conhecesse o pecado.
Porém,
"mesmo"
sem o rosto bonito,
"mesmo"
sem a vida fácil,
"mesmo"
sem o "status na sociedade" e,
"mesmo"
sem a família perfeita...
Certeza,
se eu tivesse "tudo" isso,
eu poderia
muito acreditar, que
"Deus" nem "existe".
Autor: Denis Santos (Guarapuava PR).
Para si mesmo
Onde se encaixa o que escrevo?
Na extinção das mentiras dos amantes, onde, não entendem o mal
que espalham (de quem os esperam em casa, na maior expectativa do amor?).
Onde se encaixa o que escrevo?
Na imundice dos que dormem na rua. Esquecidos pelos que
comem e bebem (sobre mesas limpas e fartas), esses acreditam, os poderosos,
ainda iram mudar as suas vidas?
Onde se encaixa o que escrevo?
Será?
No detergente da multidão, que são: os livros, as letras e as
leituras... Como forma de limpeza mental?
Onde se encaixa o que escrevo?
No aparato geral desse foco, escrever, só vai haver mais aceitação
(causar menos raiva e ofensa), no papel esquecido na gaveta.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Eu não te acho interessante
Eu não te acho interessante.
Eu não iria gostar de conversar com você.
Não parece que nós nos conhecemos faz tempo. Onde, as idéias
batem uma com a outra.
Não tem nada em haver com a roupa que você usa, seu corte de
cabelo, ou, para a música que você deva gostar de ouvir.
Ficar aqui, parada, não vai ajudar.
Tenho outra coisa para fazer na cidade. Mesmo que não
tivesse, qualquer pormenor, já seria suficiente para ficar longe de você.
Não esqueci algo com a recepcionista.
Não estou esperando ninguém (fazer uma pergunta), sobre uma
dúvida qualquer.
Nada.
Nada, para que pudesse ficar parada, enganando minha vontade
de te conhecer. Eu não te achei interessante.
Mesmo deixando pensamento, dor, ou, qualquer outra palavra
que você queira expor, a mulher tem o direito de escolher.
Agora! Feche essa porta e deixe eu descer. Tem mais gente
querendo usar o elevador.
Você não percebeu, mais estou me atrasando, perdendo meu
tempo com você.
Já, já vai aparecer outra para ouvir você dizer que ama,
ama, ama...
E você sabe, todos, como eu, já escreveram um poema
"sincero".
Autor: Denis Santos (Guarapuava).
Idéias
Como você está tão longe...
Você não vê: a dor, o sofrimento, a frustração?
E, quem tenta caminhar, sendo empurrado para trás?
E, essa inteligência? E, esse conhecimento? E, todas "essas
informações"? Para quê?
O quê inquieta?
Porquê o tempo passa, passa, passa...
Temos que orar mais? Temos que perdoar mais? Temos que crer
mais na vida?
Como você está tão longe...
Uma criança acredita no futuro. "Um dia" algo de bom vai
acontecer em sua vida. Assim foi com você, comigo, com nós todos.
Agora. Como você está tão longe... Aqui, comigo: idéias.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
00:01
Eu quero correr. Mas não posso.
Como não? Sendo que
minhas pernas, estão aqui, juntinhas comigo!
Eu quero escrever, mas não posso.
Mas como não? Sendo que
minhas mãos, estão aqui, juntinhas comigo!
Eu quero cantar para o povo me ouvir.
Mas também não posso.
Como não? Sendo que esses lábios são meus! Eles estão comigo, eles me pertencem!
O sol...
A chuva...
O vento...
Tudo é meu. Mais não posso senti-los mais.
Ô essa "grade". Ô esse "leito". Ô essa "lei".
Como nos distância daquilo que nos pertence.
A ira. A revolta. O medo.
(nasceram comigo, ou, deixaram crescer em mim?).
Ô essa "grade". Ô esse "leito". Ô
essa "lei".
Seria tão melhor viver, se essas palavras grifadas, não
tivessem nada em haver com "liberdade".
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Caminhada
Caminhando em silêncio,
contando os paralelepípedos, imagino, eles parecem focados.
Mesmo sob a neblina e o ambiente frio do momento, eles dão
os seus passos - concentrados.
E os outros, logo atrás?
Onde moram?
O que pensam, e, o quê fazem?
Os pelos dos seus braços, aquecidos, com os tecidos das
magas de algodões, eles caminhando, parecem conectados.
Que vontade será eles teriam de não morar?
Que vontade será eles teriam de não pensar?
Que vontade será eles teriam de não fazer, "nada"?
Será? O amor verdadeiro em suas vidas, que não vão
encontrar em casa?
Será? A ignorância, a corrupção, o medo... Do mundo?
Será? Suas mãos enrugadas, seus rostos com pés de
galinhas, e, suas pernas e mãos fracas?
Será?
Lá longe, indo embora, quem serão eles, que não seja, eu, ou, você?!
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR)
Eu
Eu não gosto da cidade que vivo.
Eu não gosto da idade que vivo.
Eu não gosto da sociedade que vivo.
E eu vivo, vivo, vivo...
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Voltei
Quanto sinto saudade dos velhos tempos.
Quando caminhávamos na calçada, divagando sobre: Virginia Woolf, Clark Gable, Legião Urbana...
Não tinha importância a ventania, o sereno, ou, as quadras que ainda faltavam para chegar no: "Snolk Life". (E, o "Snolk Life". Será que ainda existe, no mesmo endereço?).
Poderíamos continuar vivendo como nos velhos tempos.
Tudo era um enigma (e, como era gostoso viver nesse labirinto).
Nele, planejávamos, se entregávamos e, tudo se resolvia.
Não precisávamos se preocupar com o desemprego (se iriamos ou não, para a universidade).
Ah! Os desafios da sociedade? A sociedade é muito fraca para nós. "Pensávamos". Hoje. Que coisa mais absurda.
Um movimento suspeito na rua: ou, eram os outros transeuntes, ou, eram os outros garotos (as) em busca de diversões nas madrugadas; ou, era frenagem qualquer de um automóvel...
Hoje: homicídios; estupros; as etilometrias visíveis dos irresponsáveis noturnos... "Como mundo mudou!".
Hoje. Poderíamos continuar vivendo como nos velhos tempos.
Desde que eu não precisasse me levantar. Caminhar até o berço e ter só você para conversar. Criador de palavras e de pensamentos antigos - meu bebê.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Onde
Na verdade, acho que já tentei dormir, com uma poesia nas idéias.
Nas minhas idéias, o sonho, eu dava solução, para a "desigualdade
social".
Hoje, muitos comiam bem. Outros: nada tinham para se
alimentar.
Nas minhas idéias. Todos moravam numa casa confortável:
limpa e higienizada. E essas pessoas não eram ricas. Sim. Eram:
"gente".
Nenhum menino (a) largava o estudo. Nenhum menino (a)
catava lixo.
Nenhum menino (a), depois, fazia da prisão, o seu lar.
Nisso, eu dava solução, com as minhas idéias, no meu
sonho.
Por que é "tão" difícil os meninos (as) morarem
numa casa legal?
Não largar o estudo?
Não catar lixo?
Não fazer da prisão, futuramente, o seu lar?
Mas a "solução" era "no sonho".
Não dá, não dá, não dá...
Mas...
Se não fosse acontecer, o que estava acontecendo, eu não
teria "sonhado" (sequer dormido), essa noite.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
O esquife
Eles acham que você está bem.
Sabem, um dia: você, gritou com um médico que não quis
tratar uma criança com câncer;
você, não defendeu aquele delegado, que não exagerou nos
gritos, quando ele mandou para o xilindró, aquele padre pedófilo.
Eles acham que você está bem.
Sabem, um dia: você, fez um comentário, sem sentido,
daquele motorista, embriagado que. matou um idoso, que descansava num dos bancos de
concretos da praça; você, lamentou ao meio dia, quando deu no noticiário, que
nosso país não é rico, porque muito do nosso dinheiro, vai para o exterior, por dividas antigas; espalharam
que, aquela paquera, no emprego, nunca te ligou e; por fim, você, estudou, cantou, dançou,
se vestiu bem... "Conquanto" sempre foi um invisível na multidão...
Eles acham que você está bem.
Coisas cotidianas que massacram, destroem, perturbam,
ferem... E você gostaria que elas nem existissem!
Ninguém perguntou se você queria nascer. Porém, na
sociedade, até na morte, próximo ao seu esquife, agora, eles comentam que você
fará falta.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR)
Não guardo ressentimento
Dia e noite, passei por muitas ruas.
Encontrei residências que não tinham luzes elétricas. Natais (Natais, no sentido de carnes, brinquedos, refrigerantes...). Hospitais (perto)
para as enfermidades familiares dos moradores. Talvez, acho, por causa desses motivos, os
habitantes por debaixo desses tetos, não se entendiam.
Mas mesmo assim, não guardo ressentimento.
Dia e noite, passei por muitas ruas que, sei, muitas
famílias "tinham" luz elétricas. Natais. Hospitais (perto) para as enfermidades dos moradores... Mas... Mesmo assim. Essas famílias, algumas, do mesmo modo, não
se entendiam.
Aí. Já. Não era por falta de dinheiro (que compra luzes elétricas, brinquedos, hospitais...) Sim. Era falta de amor. Tinham menos de
afeto, e, mais de egoísmo. Um, para com outro.
Mas mesmo assim, não guardo ressentimento.
E onde mora a diferença de tudo disso?
Imagino, que são só essas ruas que - sabemos - ainda
existem, para depois de muitas janelas.
Autor: Denis Santos (Guarapuava -PR).
Amargo
Por que não se levanta e, faz alguma coisa?
Quem coloca comida nessa casa?
Não existe firma, comércio, indústria nessa cidade, para que
você pudesse ir atrás de um emprego?
Serviço pesado! Braçal! Ou cercado de gente idiota, você sabe,
eu sei, não é isso que você quer? Sim?
Por que não se levanta e, faz alguma coisa?
Quem você ama, eu sei, não te ama.
Quando você sai. Seja de carro, ônibus ou a pé... (não
importa), nunca, acontece nada.
Por que não se levanta e, faz alguma coisa?
Esse final de semana tem show com um cantor da MPB no
município que vivemos. No museu, alguns quarteirões daqui, têm mostra de uma
curadoria de um artista italiano, há pouco tempo, ele, hospedado nessa nossa cidade.
Nas minhas caminhadas, vejo, pelos expositores das panificadoras, sempre:
pudins, tortas, doces... Que. Tudo isso (o show, a mostra, a comida), sempre,
vão e voltam, deixando saudade de experimentar "tudo" de "novo" (esquisito isso.
Senso do longe, e, ao mesmo tempo, "saudade").
Por que não se levanta e, faz alguma coisa?
Desce a consciência de que daqui um pouco, a costureira vai
chegar com as roupas que mandei arrumar (E o dinheiro?).
Falta terminar de pintar uma das portas da edícula, com
verniz.
O teto, as paredes, o piso de onde moro, sempre, me alertam
que estão precisando de reparos...
Por que não se levanta e, faz alguma coisa?
Mal tenho alguma deixa para esportes. Mal me interesso pela
comunhão com a igreja. Sinto, faz um tempo, meu rosto não é mais o mesmo
naquele espelho que mamãe alocou num dos vão da estante - da sala (não faz
tanto tempo, eu gostava tanto de me arrumar na frente dele. E, agora?).
Por que não se levanta e, faz alguma coisa?
Sempre sofro difamação, quando eu sei que comentam que sou um
pensador. Estou vegetando e, perco meu tempo, sentado no sofá, esperando "o
sucesso".
Por que não se levanta e, faz alguma coisa?
"Puxa". De onde foi tirado a ideia de colocar o título desse poema de: "amargo"?
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).
Solidão Noturna: Textos escritos nas madrugadas (dos finais de semana).
Último adicionado. Mas não perca o próximo poema.
"Se quiser", siga Denis Santos. Parabéns.
O isqueiro
Uma rua (com vários personagens).
Um cinzeiro (com várias pontas ogivais).
Uma xícara (cores diversas).
Um gole (whisky, vodca, conhaque...).
Um caminho (universidade, emprego, residência...).
Um instante (natais, páscoas, aniversários...).
Um plano (se apaixonar, amar, conviver...).
Uma cama (cansaço, preocupação, enrosco...).
Me resta a vida,
e a vida existe uma só.
Autor: Denis Santos (Guarapuava - PR).